domingo, 11 de novembro de 2012

Despedimento colectivo

A minha empresa vai fechar, apesar de não ter problemas financeiros ou de tesouraria. A multinacional detentora de 90% do capital, decidiu que não queria perder dinheiro em Portugal em 2013, por incrível que pareça não agradecerem a Portugal os milhões que já cá ganharam. Mal agradecidos!

Então em Abril fez-se um primeiro despedimento colectivo, mal feito por ser em cima do joelho, sem negociações e com os trabalhadores em angústia com receio de não receber o que lhes era devido. Esse receio obrigou-os a comer e a calar, a não procurarem ajuda legal, a não reclamarem todos os seus direitos. Foram claramente vitimas de bulling.

Em Outubro fomos informados que a empresa ia fechar e íamos ser alvo de despedimento colectivo  Não aprenderam nada, os advogados começaram a meter os pés pelas mãos nas primeiras cartas. Reclamámos, as segundas cartas traziam pelo menos os valores correctos, como só queremos receber, 50% não reclamou, os outros colegas foram procurar informação. Para espanto de todos as cartas estavam todas de tal forma incorrectas, que não teríamos sequer direito a subsidio de desemprego.

Terceira carta recebida, e amanhã data de saída para 70% dos colaboradores, vão ser negociado novos prazos de saída, o que implica novos valores nos montantes a liquidar. E depois para não dar muito trabalho aos senhores advogados, irá a empresa pôr por escrito o acordado. 

Ora bem, se estivéssemos noutro país isto não acontecia, penso que nem a empresa, no seu país de origem , conduzia o processo desta forma. Os trabalhadores teriam procurado cuidar dos seus direitos.

Mas estamos em Portugal, o ACT de uma determinada cidade leu uma carta e informou que estava correcta. Foi preciso ser a mesma identidade noutra cidade a informar dos erros grosseiros da referida carta. Os trabalhadores não têm apoio, o estado que vai acolher mais desempregados não se interessa por proteger empregos, por penalizar empresas que não tenham cumprido a legislação, que provavelmente tenham lesado o fisco.

Porque nós somos o bom aluno, não queimamos ou partimos nada, seguimos os brandos costumes. Mesmo quando estamos a afundar a nossa sociedade, o nosso futuro. Será que se nós os trabalhadores contratássemos um advogado caro e competente, ganhávamos alguma coisa? Ou ganhávamos só uma conta exorbitante, porque falamos de uma multinacional. Que não quer perder dinheiro, não pela sua má administração e estratégia de negócio, mas porque afirma que Portugal é caloteiro e desorganizado.

A EUROPA NO SEU MELHOR

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