sábado, 21 de abril de 2012

O apelo à emigração

Temos sido convidados a sair do nosso país, pelos nossos ilustres governantes, como nas décadas de 60, em busca de melhores condições de vida mas também de uma sociedade que nos podesse dar mais.

Nunca tal me passou pela cabeça. Criar os meus filhos noutro país? Não. Sempre tive o ideal romântico, de ver a minha família crescer com a nossa democracia, de ajudar ao desenvolvimento de Portugal, de viver num país que saiu duma ditadura, com dignidade e foi capaz de apanhar o comboi europeu.

Tendo a consciência, e o prazer de viver numa Europa aberta, finalmente em paz e que tendo encontrado um caminho para sarar as suas feridas ( depois da queda do muro de Berlim, tudo parecia possível) podíamos de facto tornarmo-nos numa união forte e justa socialmente. Lá está o tal ideal romântico...

Preparei-me para educar os meus filhos como europeus, que soubessem inserir-se no mercado de trabalho europeu, e no vasto quadro sociológico que compõem a união.

Mas de repente o sonhocomeçou a parecer um pouco mais distante, primeiro pela crise e depois pela incompetência dos seus governantes. E assim começaram a surgir os primeiros pensamentos de preparar os miúdos para estudarem fora do país, pela qualidade de ensino e porque se vislumbrava um mercado de trabalho em dificuldades.

O sonho desmorona-se, os países periféricos entram em colapso e o que tinha por seguro é arrastado neste espiral catastrófica.

O estado social é dizimado, a democracia torna-se de dia para dia mais frágil ( com países a terem novos governates sem eleições), a educação e a saúde começa a ser um benificio para classes superiores.

O nosso país está a retroceder, e eu não quero criar os meus filhos nesta sociedade, emigrar? Sim é uma hipótese, mas para uma Europa, em que os seus governantes pensam fechar fronteiras? Para uma Europa com governantes que distilam discursos xenófabos? Para um caldeirão social em plena ebulição? Não.

Mas a ideia persiste e persiste e todos os dias penso que de facto pode ser o caminho de muitos casais sufocados pela subida de impostos e pela ausência de esperança num futuro melhor. O apelo à emigração talvez tenha sido feito, como reconhecimento da incompetência para nos governar.  O que me falta? A coragem....

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